quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pesadelo #1

Apago as luzes. Acendo uma vela. Concentro-me.
Nada à minha volta…apenas…
O silêncio. A escuridão. A noite.

Um cenário arrepiante.
Numa colina elevada, uma casa abandonada, onde luzes, à noite, brilham.
Nós os dois, juntos. Trancados dentro de um carro, cujo destino não pode ser alterado. Um foco no nosso percurso.
O nosso caminho, já está traçado.
Arremessados contra os vidros da janela mais luminosa.
Vidros estilhaçados, cravados na nossa carne e nós…ensanguentados.
Quando olho para ti, um bebé falso, gelado...talvez morto, nos teus braços. Uma onda de forças exteriores que te invade, fazendo com que não me ouças.
Grito, esperneio e tento, mas tudo em vão.
Tu já não estás ali, comigo.
O teu olhar está…perdido, vazio.
Um apelo para que eu desvende o que está por detrás daquela porta. Aquela porta com vida própria, que mostra uma luz sombria, através do buraco da fechadura.
Lutando contra as forças que me restam, que tentam impedir-me, abro-a. A curiosidade e o estranho odor a putrefacção lançam-me.
Quero o abismo.
Os olhos vêm aquilo que as minhas narinas há muito sentiram.
Uma mulher esbelta, nua, deitada dentro de uma banheira, imersa no seu próprio sangue.
Ergue-se contra mim.
“Eu? Porquê eu? Eu que amo. Porquê?”
A mãe da criança que estava inerte, nos teus braços. A mãe...do teu filho.
Ela clama por ti. Clama por vós.
Como poderei eu lutar? Não posso.
Estendo os braços, deixando-a apoderar-se de mim, tomar o meu sangue e a minha vida.

Acordo deste pesadelo. Completamente arrepiada, a ter alucinações e sem conseguir mexer-me.
Nada à minha volta…
Acendo as luzes. Apago a vela. Respiro.

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